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Novos acordos indicam maior otimismo

Os acordos fechados ou propostos ontem por grandes grupos priorizaram a manutenção dos postos de trabalho, o que pode sinalizar uma melhora no otimismo empresarial ante o desempenho da economia neste trimestre.

Fonte: Valor Econômico

Cibelle Bouças

Os acordos fechados ou propostos ontem por grandes grupos priorizaram a manutenção dos postos de trabalho, o que pode sinalizar uma melhora no otimismo empresarial ante o desempenho da economia neste trimestre. A Volkswagen antecipou para fevereiro o pagamento da primeira parcela do 13º salário dos seus 22 mil funcionários das fábricas de São Bernardo do Campo, São Carlos, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR). Apenas em São Bernardo, o pagamento significará um aumento na renda local de R$ 24 milhões, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

"A recuperação da atividade nas montadoras é mais nítida. As empresas estão voltando a fazer horas extras e a chamar de volta trabalhadores que estavam em casa cumprindo a folga do banco de horas", disse o presidente do sindicato, Sérgio Nobre. Ele acrescentou que a empresa renovou o contrato de 106 temporários nesta semana. Em Taubaté, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos da região, além da Volkswagen, a SG, que presta serviços à montadora, também antecipou o pagamento do 13º salário. Juntas, as empresas injetarão na economia local R$ 9,7 milhões com a medida. O sindicato negocia acordo semelhante com a Ford.

A assessoria da Volkswagen informou que a antecipação do pagamento de 50% do 13º salário faz parte de um acordo sindical fechado antes do agravamento da crise internacional. A medida, informou, já foi adotada em anos anteriores e a liberação do recurso em fevereiro não estaria relacionada com a crise ou com a recuperação nas vendas de veículos em janeiro e fevereiro no mercado interno.

Em Diadema, no ABC Paulista, a Prensas Schuler também decidiu rever a demissão de 180 trabalhadores, comunicada na segunda-feira. Após negociação com o sindicato local, a empresa decidiu substituir o corte por um programa de demissões voluntárias (PDV), que será concluído até o fim desta semana. A Metalpart, também de Diadema, criará o banco de horas e reduzirá a jornada em 72 horas, com compensação futura e estabilidade aos funcionários até junho. Em Ribeirão Pires, a Faparmas fechou acordo garantindo estabilidade aos 190 funcionários por 16 meses, em troca da redução de jornada, com folgas na semana do Carnaval, que serão descontadas da segunda parcela da participação nos lucros e resultados.

No Rio Grande do Sul, a Zamprogna, que havia anunciado a dispensa, a partir do dia 25, de 241 funcionários em Porto Alegre e outros 140 em Guarulhos e Campo Limpo Paulista (SP), decidiu "complementar" os planos e lançou ontem um programa de demissões voluntárias. Segundo o grupo, dos já 241 demitidos em Porto Alegre, 5 aderiram ao programa. A empresa possui 1.442 funcionários.

Em Anápolis (GO) e Jaciara (MT), o Grupo Naoum, que controla as usinas Santa Helena de Açúcar e Álcool, Jaciara e Pantanal e emprega nos dois Estados cerca de 5 mil pessoas, anunciou ontem a concessão de licença remunerada a 80% dos seus funcionários, com o objetivo de reduzir custos operacionais na entressafra. A licença começou nesta semana e dura até março. As perdas com a queda nos preços do açúcar em 2008 levaram o grupo a protocolar seu pedido de recuperação judicial em novembro do ano passado. Atualmente, o grupo aguarda a definição da data para a assembleia geral dos credores para aprovação do plano de recuperação judicial.

A Vale também pode passar por dificuldades jurídicas. O Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais quer cobrar da empresa na Justiça a reposição de 50% dos salários de todos os trabalhadores incluídos nos acordos de licença remunerada, em troca da manutenção do emprego. A empresa fez acordos com 15 sindicatos, envolvendo 38 mil trabalhadores mas, até agora, nenhum funcionário está em licença. Conforme informou em comunicado oficial, "a Vale somente utilizará a licença remunerada em último caso e dependendo das condições de mercado".

Em São José dos Campos (SP), o sindicato dos metalúrgicos informou que solicitará reunião com a direção da Embraer para discutir possíveis demissões. Segundo o sindicato, há rumores de dispensas em massa na fábrica, que emprega 14 mil pessoas. Procurada, a empresa não se pronunciou.